Turquia vira capital mundial do transplante capilar e atrai pacientes de todo o mundo
- 28/09/2025

Turquia é destino de quem investe em transplantes capilares Nos últimos anos, a Turquia se tornou o destino número um no mundo para quem quer fazer transplante capilar. Uma indústria que movimenta bilhões de dólares por ano cresce com a promessa de resolver o problema de quem não quer ficar careca. Istambul, cidade que já foi capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano, agora ganhou outro título: a capital mundial dos cabelos. Mais de um milhão de pessoas viajaram ao país em 2024 para realizar procedimentos estéticos — e a maior parte delas buscava transplantes capilares. Hoje, a cidade tem mais de mil clínicas especializadas nesse tipo de cirurgia. A procura não se explica apenas pelo resultado médico. O país oferece pacotes que unem cirurgia estética e turismo. “O paciente não vem só operar. Ele tem uma experiência completa: carro de luxo no aeroporto, hotel cinco estrelas, tradutor acompanhando”, explicou ao Fantástico a empresária de turismo médico Ellen Assis Koçtürk. Valores mais acessíveis Os preços também atraem: no Brasil, um transplante pode custar de R$ 20 mil a R$ 40 mil. Na Turquia, os valores variam de 1.500 a 4 mil euros — cerca de R$ 9.300 a R$ 25 mil — incluindo cirurgia, hospedagem, traslado, exames e acompanhamento inicial. Essa diferença fez surgir até uma imagem simbólica nas redes sociais: voos que saem de Istambul lotados de passageiros com curativos na cabeça, apelidados de “Hairline”. O termo em inglês, que mistura “linha do cabelo” e “companhia aérea”, virou piada internacional e mostra o tamanho do fluxo de pacientes. Entre eles está o ator brasileiro Arthur Amado, que mora na Holanda. Ele pesquisou por dois anos antes de decidir fazer o primeiro transplante. Gostou tanto do resultado que voltou para uma segunda etapa. “Como ator, a imagem é importante. Eu sempre tive muito cabelo e, quando comecei a perder, me incomodou. Fiz o transplante, e ficou ótimo. Agora fiz a manutenção para deixar o preenchimento mais acentuado”, contou. Antes da cirurgia, os pacientes passam por consulta médica, exames e marcações no couro cabeludo. Depois, os fios são raspados para a preparação. A técnica mais usada, chamada FUE, envolve três etapas. Primeiro, os folículos — estruturas da pele que produzem os cabelos — são retirados um a um da parte de trás da cabeça. Depois, o médico faz pequenas aberturas na área que vai receber o transplante. Por fim, os folículos são reimplantados, fio por fio. Mais de um milhão de pessoas viajaram a Turquia em 2024 para realizar procedimentos estéticos. Reprodução/Fantástico Cada cirurgia pode durar até dez horas e alcançar seis mil fios transplantados. No caso de Arthur, foram 3.200 folículos. Foram oito horas de cirurgia. "As anestesias foram tranquilas, o mais difícil foram as posições, muitas horas deitado de lado ou de bruço", conta. No dia seguinte, ele voltou à clínica para receber um kit com medicamentos e shampoo especial, usado na primeira lavagem. Paciente, não cliente Apesar da popularidade, especialistas reforçam que o transplante é uma cirurgia e envolve riscos. "Pode haver sangramento, infecção, necrose de pele. O acompanhamento médico é essencial, ainda mais quando o paciente viaja longas horas de avião logo após operar”, explicou o cirurgião plástico brasileiro Fabrício Ribeiro. O britânico Greg Williams, presidente da Associação de Cirurgia de Restauração Capilar do Reino Unido, destacou a importância da avaliação médica: “O paciente deve ser tratado como paciente, não como cliente. É preciso analisar histórico de saúde, medicamentos e condições como diabetes ou hipertensão.” Casos graves já foram registrados. Em janeiro deste ano, o britânico Martyn Latchman, de 38 anos, morreu durante um transplante em Istambul, após sofrer parada cardíaca ainda na anestesia. A clínica não tinha licença médica. Outro episódio que viralizou foi o do influenciador britânico Ruben Chorlton-Owen que ignorou recomendações do pós-operatório e fez sexo três dias após a cirurgia. O esforço físico aumentou a pressão na região operada e provocou inchaço no rosto. “Acordei deformado, em pânico. Depois entendi que era efeito do transplante”, relatou. Segundo o Ministério da Saúde da Turquia, os padrões de segurança seguem regulamentos da União Europeia. Ainda assim, as clínicas não são obrigadas a prestar contas às autoridades locais sobre como realizam os procedimentos. Essa brecha permite a existência de estabelecimentos sem supervisão adequada, o que aumenta o risco de complicações. Mesmo assim, o setor cresce e atrai também brasileiros famosos. Rodrigo Faro fez um transplante no Brasil em 2016, quando foram implantados 3.500 folículos. "Fez total diferença para mim, melhorou muito a autoestima", afirmou o apresentador. 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